quarta-feira, agosto 23, 2006

da calle leganitos - gran via- para as avenidas novas

(após viagem de regresso de 700 km de madrid até lisboa...)PICASSO, celebra-se este ano o 125.º aniversário do seu nascimento e o 25.º da chegada do guernica a españa, uma das obras mais emblemáticas deste país. guernica teve uma gestação difícil,foi encomendada pela segunda república espanhola em 1937 para estar presente na paris world fair do mesmo ano. Picasso não ficou atraído pela ideia inicial, subsequentemente decidiu aceitar o projecto e iniciou o 1.º de muitos estudos em 1 de maio de 1937, seis dias depois estava já definida a definitiva composição da tela. após presença em paris o regresso a casa de guernica foi demorado. a obra quadro foi exposta pela 2.ª vez em 1938 numa exposição entre a noruega, dinamarca e suécia. no mesmo ano esteve em londres e, em 1939 chega aos estados unidos, onde foi exibido com a finalidade de angariar fundos para o refugiados políticos espanhóis.
Picasso decidiu que este quadro e outros de sua autoria ficassem sob a custódia do MoMa até que a guerra civil espanhola terminasse, isto é, fez um empréstimo por tempo indeterminado a este museu devendo a obra regressar ao país natal daquele quando a república fosse restaurada. Em 1970 Picasso escreveu ao MoMa modificando a cláusula anterior para outra cuja condição era o restabelecimento da liberdade popular, a democracia.
a desejada tranferência desta obra maior deu-se em 1981 para o país, e, desde 1992 encontrou a sua "casa", o museo nacional centro de arte reina sofia. finalmente, em novembro de 1995 o vidro que o protegia desde a sua chegada a espanha foi retirado, encontrando-se assim "livre" até hoje.
tive vontade de parar o tempo quando o vi. ao mesmo tempo senti um arrepio (o arrepio do francis bacon fica para outro dia), daqueles que vão ao couro cabeludo, e, confesso, não consegui conter as lágrimas (lamechas). quis enxotar todos os outros visitantes e ficar a contemplá-lo até me fartar.
guernica é duro, terno, sangue, raça, vontade, vida e morte entre muitos outros adjectivos. apesar de alguns anos desde a data da sua execução consegui ver nele entre outras coisas, o povo espanhol de ontem e de hoje. alegres, falam alto, com salero, damos logo por eles... são como são e bradam-no a quem quer que seja. são assim ponto final. não sussuram ou escondem o quer que seja (música sempre bem alta nos coches, as conversas na rua, o apitar mal disposto no trânsito, as criticas a isto ou àquilo, as relações e o casamento homossexual), vivem a quase plenitude (no possível) da liberdade.
e isso é que importa. ser-se e mostrar-se o que se é verdadeiramente, bueno, contagiar...
E VIVA ESPAÑA!

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