quinta-feira, setembro 28, 2006

Poema do Começo



Eu num camelo a atravessar o deserto



com um ombro franjado de túmulos numa mão muito



aberta



Eu num barco a remos a atravessar a janela



da pirâmide com um copo esguio e azul coberto de



escamas



Eu na praia e um vento de agulhas



com um Cavalo-Triângulo enterrado na areia



Eu na noite com um objecto estranho na algibeira



— trago-te Brilhantes-Estrela-Sem-Destino coberta de

musgo






António Maria Lisboa
“Poesia”, p.63, Assírio e Alvim, Novembro 1995

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