No café no lugar de dentro na zoeira turva
senta-se um velho na mesa se curva;
com um jornal diante dele, sem companhia.
E no desdém da velhice miserável
pensa como usou tão pouco o tempo deleitável
em que força, e eloquência, e beleza possuía.
Sabe que envelheceu muito; sente-o, é visível.
E contudo o tempo em que era novo ao mesmo nível
do de ontem. Que espaço apressado, que espaço apressado.
E considera como burlava dele a Prudência;
e como nela tinha confiança sempre - que demência! -
a perjura que dizia: «Amanhã. O tempo é demorado».
Lembra-se de impulsos a que punha freio; e sem medida
a alegria que sacrificava. Cada história perdida
agora troça da sua desmiolada sageza.
. . . . Mas do muito que foi pensando e não esquece
o velho atordoou-se. E adormece
no café apoiado sobre a mesa.
Konstandinos Kavafis
terça-feira, junho 19, 2007
Um velho
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)


UTILE DULCI
- A Gaveta do Paulo
- A Montanha Mágica
- A Mulher Moderna na Sala e na Cozinha
- Alicerces
- Ana de Amsterdam
- As Aranhas
- As receitas da Lígia
- Bebedeiras de Jazz
- Chocolate e Companhia
- Cravo da Índia
- Dias Felizes
- Divas & Contrabaixos
- Diário da Cozinha
- Estado Civil
- Expresso do Oriente
- Glória Fácil
- Imaginário Real
- Incomunidade
- Insónia
- Kitanda
- La Cocina Paso a Paso
- Lida Insana
- Mar Salgado
- Mundo Pessoa
- Navegar é Preciso
- Não compreendo as mulheres
- O rasto dos cometas
- Para Sempre
- Pastoral Portuguesa
- Pecado da Gula
- Poesia & Lda.
- Procura por mim
- Purpura Rosa
- Señora Cartera
- The Non Blonde
- Um Amigo Pop
- Um dia a menos para a morte
- Wagner Operas
- Welcome to Elsinore
- Whiskers
Sem comentários:
Enviar um comentário